Modelo das Três Linhas: Como Fortalecer a Governança e a Gestão de Riscos Corporativos

O Modelo das Três Linhas é um dos frameworks mais reconhecidos no mundo quando o assunto é governança corporativa, gestão de riscos e controles internos. Criado pelo Institute of Internal Auditors (IIA), ele evoluiu ao longo dos anos para acompanhar a crescente complexidade das organizações e os riscos cada vez mais interconectados do ambiente corporativo.

Mais do que um esquema de defesa, o modelo representa uma forma estruturada de enxergar responsabilidades, alinhar expectativas entre áreas e fortalecer a tomada de decisão. Em um cenário em que riscos surgem em múltiplos pontos da operação — e com velocidade —, saber quem faz o quê é essencial para reduzir falhas, eliminar ruídos e garantir que a organização esteja protegida.

O que é o Modelo das Três Linhas?

O Modelo das Três Linhas organiza a estrutura de responsabilidades da organização em três níveis complementares:

  • quem executa e gerencia riscos no dia a dia;
  • quem orienta, supervisiona e fortalece os controles;
  • quem avalia, de forma independente, se tudo isso funciona como deveria.

Ao estabelecer limites e atribuições claras, o modelo reduz conflitos, melhora a comunicação e ajuda a empresa a antecipar problemas antes que se tornem crises. Ele oferece uma visão integrada das funções críticas da governança — algo indispensável em organizações que lidam com riscos crescentes e ambientes regulatórios mais exigentes.

Por que o modelo foi atualizado? A importância da visão sistêmica

Durante muitos anos, o modelo foi interpretado como uma “estrutura de defesa” rígida, com três blocos isolados. A versão mais recente corrigiu essa percepção: hoje, o foco é a integração.

A atualização reforça que:

  • os riscos atuais são multidimensionais;
  • decisões fragmentadas geram inconsistência;
  • silos operacionais impedem a visão completa do risco;
  • a alta gestão precisa de informações conectadas e confiáveis.

Em outras palavras, não basta que cada linha execute sua função. É necessário que todas conversem, compartilhem análises e direcionem esforços para que a organização atue como um sistema único.

É essa visão integrada que transforma o modelo de um organograma teórico em um mecanismo real de governança.

Conheça a estrutura do Modelo das Três Linhas

É indispensável conhecer todos os detalhes sobre o Modelo das Três Linhas para que possa aplicá-lo da forma correta. Entenda:

Linha 1: Gestão e Operações

A Primeira Linha é formada pelos gestores e pelas equipes que estão no dia a dia da operação. São eles que:

  • executam as atividades;
  • identificam riscos onde eles acontecem;
  • implementam controles;
  • seguem políticas e procedimentos;
  • reportam desvios e vulnerabilidades.

Na prática, é a linha que percebe o risco mais cedo e, por isso, precisa estar preparada para agir rapidamente.

Linha 2: Funções de Controle

A Segunda Linha reúne as áreas responsáveis por orientar, monitorar e fortalecer a gestão de riscos. Aqui entram:

  • Compliance;
  • Gestão de riscos;
  • Controles internos;
  • Segurança da informação;
  • Sustentabilidade, ESG, privacidade e outras funções de supervisão.

Seu papel é garantir que a Primeira Linha tenha suporte adequado, frameworks bem definidos e parâmetros claros para tomar decisões consistentes. A Segunda Linha reduz incertezas e indica caminhos para que a operação funcione com segurança.

Linha 3: Auditoria Interna

A Terceira Linha é formada pela auditoria interna, que atua com independência e objetividade para:

  • Avaliar a eficácia das Linhas 1 e 2;
  • Emitir recomendações;
  • Ajudar o conselho e a alta administração a enxergar falhas;
  • Fortalecer a governança como um todo.

A independência é o que dá força à auditoria. É ela que garante uma visão imparcial dos riscos e das vulnerabilidades, algo decisivo para a alta direção.

A governança no centro do modelo

A atualização do IIA deixou um recado claro: o modelo não funciona sem governança. A governança é o eixo que conecta as três linhas, garantindo que:

  • expectativas estejam alinhadas;
  • recursos sejam alocados corretamente;
  • informações fluam na velocidade necessária;
  • a alta gestão compreenda o risco com profundidade.

Sem governança, o modelo vira um desenho estático. Com governança, ele se torna um mecanismo vivo de tomada de decisão.

Quando as três linhas se conectam, a organização ganha consistência, clareza e resiliência — elementos indispensáveis diante de riscos cada vez mais imprevisíveis.

Como aplicar o Modelo das Três Linhas na prática?

Para funcionar de verdade, o modelo precisa ser adaptado à realidade da organização. Alguns passos essenciais da aplicação incluem:

  • Definir claramente papéis e responsabilidades: mapeando o que cada área faz e documentando o fluxo de riscos e controles;
  • Fortalecer a comunicação: com reuniões periódicas, dashboards integrados e canais de comunicação;
  • Garantir independência da auditoria: sem autonomia, a terceira linha perde credibilidade;
  • Engajar a alta gestão: conselho e diretoria precisam apoiar e cobrar resultados;
  • Criar cultura orientada a risco: não basta ter estrutura, é necessário que as pessoas da equipe entendam e assumam suas responsabilidades.

Aplicar o modelo exige disciplina, mas principalmente entendimento: é uma ferramenta de clareza, coordenação e maturidade corporativa.

Entender os riscos é essencial para tomar decisões mais conscientes

O Modelo das Três Linhas não é apenas uma estrutura de papéis, é uma forma de organizar a empresa para enxergar riscos de maneira mais ampla e tomar decisões mais seguras. Ele fortalece a transparência, reduz incertezas e ajuda a transformar risco em estratégia.

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Pessoas colaborando ao redor de uma mesa, encaixando engrenagens que simbolizam a integração das três linhas de governança.

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