Saiba quais riscos ambientais e de sustentabilidade estão associados ao uso da IA e o custo oculto da IA

Quando se pensa em custos ocultos da IA, é natural associá-los ao uso de água e energia elétrica. Na Irlanda, por exemplo, os data centers consomem mais de 20% da eletricidade do país, segundo o Infomoney.

Essa é a base do “custo oculto da IA” e costuma passar despercebida nas estratégias empresariais e nas matrizes de risco. Mas não é algo que pode ser ignorado por empresas de diferentes setores e portes.

Afinal, o uso de inteligência artificial e IA generativa pode estar na contramão de medidas de ESG (Environmental, Social, and Governance).

Por isso mesmo, é extremamente relevante identificar os impactos que podem estar associados ao incremento do uso de IA na empresa, em especial os ambientais e de sustentabilidade. Esse tema deve ser central nas discussões de estratégias ESG das empresas.

 

O que é ESG?

Do inglês Environmental, Social and Governance, ESG é uma sigla que no português é traduzida para Ambiental, Social e Governança.

Na prática, é um conjunto de princípios que são adotados pelas empresas, com o intuito de garantir uma conduta que não prejudique o meio ambiente ou a sociedade.

Para tal, a empresa pode adotar uma série de condutas, como buscar maquinário que reduza a emissão de poluentes, além de reduzir o uso de embalagens em produtos, por exemplo.

Portanto, empresas que aplicam ESG devem estar atentas ao consumo de água e outros custos ambientais que são ocultos quando se faz uso de IA.

 

Como o uso de inteligência artificial consome água e energia?

Na prática, o que acontece é que para utilizar IA existe a demanda de utilizar data centers robustos. O que desencadeia a necessidade de resfriar esses equipamentos, para que não apresentem falhas de funcionamento.

E é justamente por isso que a University of California, Riverside chamou a atenção do mundo por meio da publicação de uma notícia de que um simples prompt de geração de imagem em modelos grandes pode consumir entre 2 e 4 litros de água de forma indireta.

Portanto, quando se tem o uso frequente de IA, a empresa precisa estar atenta a como essa estratégia harmoniza com as práticas e iniciativas ESG, o que coloca negócios de todos os portes em um dilema.

Os custos ambientais de usar IA não se limitam à água

Muitas pessoas já compreendem que um dos impactos ambientais da utilização de IA no cotidiano se dá pelo uso de energia elétrica. Segundo a publicação do g1, um data center de IA pode consumir a mesma energia de 16 milhões de casas.Contudo, além da noção de que os data centers demandam energia e água para resfriamento, é necessário observar outros fatores, como:

  • Emissão de carbono;
  • Obsolescência programada;
  • Geração de lixo eletrônico;
  • Infraestrutura de rede.

Portanto, são vários fatores que precisam ser considerados como impactos ambientais da utilização de IA.

 

Como contornar o custo oculto da IA?

Existem diferentes medidas que permitem contornar o custo oculto da IA utilizada na empresa. Como é o caso de:

1. Usar energia limpa

Uma das possibilidades disponíveis é utilizar energia limpa por meio da instalação de sistemas de energia solar, por exemplo.

Outra possibilidade no Brasil é utilizar o mercado livre de energia, que pode promover a quantidade de quilowatts necessários para a empresa, provenientes de fontes renováveis.

Os contratos são personalizáveis e é possível usufruir de bons preços e condições comerciais vantajosas para o fornecedor e o comprador.

No Brasil, recentemente foi criada a Medida Provisória 1.318 de 17 de setembro de 2025, que cria o Regime Especial de Tributação para Serviços de Datacenter no Brasil, o Redata. Dessa forma, o programa visa estimular a transformação digital no país.

2. Buscar a eficiência computacional

Usar tecnologias que oferecem melhor performance computacional é fundamental para que seja possível reduzir os impactos ambientais.

É por isso que o DeepSeek chamou a atenção do mercado quando foi lançado. Uma vez que é uma solução com eficiência computacional maior que o ChatGPT.

Todavia, o DeepSeek utiliza um data center que depende de carvão para que funcione com eficiência.

3. Resfriamento sustentável

Outra possibilidade que reduz o impacto ambiental é a adoção de medidas de resfriamento sustentável. Como o uso de sistemas evaporativos que utilizam água reciclada ou resfriamento submerso com líquidos especiais.

4. Medidas de reflorestamento

A empresa pode adotar medidas de reflorestamento, visando reduzir os impactos ambientais da operação.

Afinal, toda empresa promove impactos ambientais que vão além da utilização de IA. Por isso mesmo, adotar medidas de reflorestamento e outras soluções auxilia a minimizar os danos ambientais.

Portanto, existem múltiplas maneiras de minimizar o custo oculto da IA em seu negócio, garantindo que a empresa possa adotar práticas ESG sem prejudicar a própria performance.

Deixar de usar IA por causa do impacto ambiental é uma medida drástica demais e que pode prejudicar diretamente a competitividade da empresa. Vale a pena encontrar medidas que se encaixam no perfil de seu negócio, que combinam com o orçamento e permitem a redução de impactos ambientais sem trazer malefícios para a competitividade do negócio. 

 

Entender os riscos é essencial para tomar decisões mais conscientes.

A inteligência artificial é uma ferramenta poderosa, mas seu uso exige equilíbrio entre inovação, sustentabilidade e governança.
Cada empresa precisa compreender os impactos que suas escolhas tecnológicas geram e buscar soluções que conciliem eficiência e responsabilidade.

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Cérebro digital formado por conexões de luz representando o consumo de energia e o impacto ambiental da inteligência artificial.

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